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Entre o Amor e a Fé de Janice Ghisleri @PlanetaLiterário

30/06/2016

Sinopse

Uma profecia irá mudar as suas vidas.
Quando Urs Barker, curador do museu de Londres envia a renomada arqueóloga Marien Stewart para uma exploração em ruínas encontradas na Itália de uma suposta igreja, não imagina quão grande aventura estariam se metendo.
O que encontrariam juntamente com o padre e também arqueólogo Sebastien Caseneuve, não seriam somente ruínas, mas magia, paixão e sofrimento, trazendo para suas vidas uma arrebatadora história do século XIV. O que não somente os colocaria sob as vistas do Vaticano, mas os fazendo tomar as mais difíceis decisões lutando contra seus medos.
Suas vidas se misturam entre o passado e presente os fazendo reviver em suas mentes em forma de estranhas visões, a vida daquelas pessoas que viveram no passado e passaram por perseguições contra o paganismo, viveram como templários lutando em Jerusalém e tiveram suas vidas separadas.
Agora em pleno século XXI os arqueólogos são escolhidos para cumprir uma profecia e assim trazer à tona a história, a justiça e o amor. Não somente encontrarão o destino de suas vidas, explodindo em um conflitante triângulo amoroso, mas também descobrirão o grande segredo oculto no templo que pensavam ser simplesmente uma igreja católica medieval.


Prólogo 

Ancona, Itália, dias atuais.


Um casal de jovens andava pelas íngremes e magníficas colinas nos arredores da província de Ancona, Itália. Olhando lá de cima, era possível ver o mar se estendendo no horizonte, misturando-se com o céu. Uma vista gloriosa, que dava àquela paisagem a beleza de um paraíso.
Quando tentaram subir mais, o chão começou a ceder e Giovanna gritou, assustada, tentando se agarrar ao chão, ao mato, como podia, quando viu suas pernas serem sugadas pela terra. Toni agarrou-a pelos braços, tentando segurá-la, mas o chão abriu-se mais e os dois caíram na imensa fenda, de uma altura gigantesca.
Recuperando os sentidos, Giovanna tentou mover-se para ver onde estava. Tossiu por causa da poeira que pairava no ar e sentiu uma imensa dor, que a fez gemer. Ela estava com uma perna quebrada, assim como algumas costelas, e várias escoriações pelo corpo.
— Toni! — gritou, assustada, olhando ao redor.
Ela não obteve resposta e não ouviu nenhum outro ruído, além do eco de sua própria voz, então se moveu para ver se o encontrava. A luz do sol entrava pela fresta acima dela, revelando Toni caído ao seu lado.
Ela, com dificuldade, arrastou-se até ele, gemendo com sua dor excruciante.
— Toni! Toni! — o chamou com a voz embargada, com o pânico tomando conta de sua mente.
Ele estava vivo, mas desacordado e sangrava na cabeça. Apavorada, Giovanna o chamou, o sacudiu, mas ele não se moveu.
Ela, com seu coração batendo erraticamente de terror, olhou para o lado com os olhos arregalados e assustados e viu-se frente a uma imensa estátua de pedra caída com a figura de um homem que parecia encará-la.
Ela soltou um grito agudo que ecoou no imenso salão de pedra onde caíra.


Capítulo 1



Londres, Inglaterra, dias atuais.

Marien Stewart é arqueóloga. Uma bela mulher, esguia, de cabelos castanhos e olhos impressionantemente verdes esmeralda. Sua beleza não era menos notada que sua inteligência e altivez. Morava em Londres, mas lhe agradava um clima com menos chuva, menos sombrio.
Felizmente, ou não, seu trabalho a levava a diversos lugares do mundo. Muitas vezes ela ficava meses fora de casa. Basicamente morava em todos os lugares, menos no seu próprio; era como uma turista em sua casa.
Naquela tarde chuvosa de Londres, estava sentada à mesa do escritório em sua casa, vendo algumas correspondências. Havia estado fora por seis meses para realizar estudos a respeito de uma múmia egípcia. Enquanto olhava as correspondências e as atirava sobre a mesa, uma após outra, ouvia os recados da secretária eletrônica.
De repente uma das cartas lhe chamou a atenção e Marien parou, arqueando as sobrancelhas. Era do Vaticano.
Um tanto apreensiva, abriu a carta e a leu. Estavam a convidando a ir para Ancona, a capital da província e região de Marcas na Itália, acerca de uma antiga ruína encontrada.
Aturdida, Marien pegou o telefone e ligou para Urs Barker, curador do Museu de Londres e seu empresário.
— Oi, sou eu.
— Oi, Marien! Eu ia te ligar. Você recebeu a carta do Vaticano? — Urs perguntou, sentado confortavelmente no escritório do museu.
— Recebi. Do que se trata, exatamente?
— Eles encontraram, há alguns meses, uma grande ruína que estava soterrada. Acreditam que se trata de uma antiga igreja do período medieval e você foi indicada para orientar as escavações e a pesquisa.
— Interessante. Mas eu não quero me envolver com o Vaticano.
— Querida, você vai lá, faz seu trabalho e volta, simples assim; não vai se envolver diretamente com eles.
— Huum... Até parece! — disse, fazendo uma careta. — Quem me indicou?
— Padre Sebastien Caseneuve, ele também é arqueólogo. Eles ofereceram uma boa quantia em dinheiro e já têm uma equipe trabalhando no caso, mas estão esperando que você aceite o trabalho. Ele está aguardando uma resposta. Então, o que acha?
— Não poderei levar minha equipe?
— Não. Infelizmente, terá que ir sozinha.
— Urs, para que eu tenho uma equipe se não posso levá-la?
— Marien, pelo que o padre me revelou, o Vaticano demorou a aceitar o pedido do padre e as escavações começaram sem você, até que cederam. E nós estamos falando do Vaticano, querida, eles a solicitaram, mas é lógico que encontrará algumas barreiras.
Ela suspirou e pensou por um momento.
— Será que eu poderia ter uma folga para descansar primeiro?
— Minha querida, se você quiser, eu direi que não pode ir. Mas pelo menos veja com mais atenção do que se trata e se quiser descansar, seria muito bom para você. A decisão é sua.
— Eu vou pensar, mas eu quero mais detalhes, está bem?
— Tudo bem, eu vou descobrir mais detalhes e nos falamos.
— Obrigada, até mais, beijos.
Marien desligou o telefone e pensou se deveria aceitar ou não. Mal chegara e já estavam querendo que viajasse novamente. Soltou um suspiro cansado, pegou o telefone e ligou para sua amiga de infância, Lizza.
— Oi, estranha.
— Marien! Você já está em Londres? — Lizza respondeu animada.
— Sim, cheguei há poucos dias, mas sabe como é, tive minha excitante maratona familiar e quis curtir minha casa um pouquinho.
— Entendo. — disse, rindo. — E quando vamos nos ver?
— Venha jantar comigo amanhã. Eu estou precisando de uma sessão caseira com massa italiana, vinho, porre e besteirol, por favor.
— Claro que eu vou! Eu levo o vinho e você faz a massa, aquela especial que me faz assassinar minha dieta.
— Pode deixar, Lizza, eu vou caprichar. Até amanhã.
— Até amanhã.
Marien desligou o telefone, foi à sua suíte e abriu as torneiras para encher a banheira. Olhou demoradamente no espelho, escorando-se na pia com as mãos e ficou analisando seu rosto.
— Será que daria para você ter uma vida normal, Marien? — ela fez uma pausa e suspirou profundamente. — É! Acho que não.
Quando a banheira estava cheia, ligou um aparelho de som, acendeu velas aromáticas e despejou seus sais de banho. Entrou e ficou descansando na água quente e perfumada. Seu celular tocou e, sem abrir os olhos, resmungou contrariada, tateou com a mão pelo chão do banheiro para pegá-lo de onde o tinha deixado e o colocou no ouvido.
— Alô?
— Srta. Stewart?
— Sim, sou eu!
— Boa noite, sou o padre Sebastien Caseneuve. — Marien abriu os olhos ao ouvir este nome e sentou-se na banheira.
— Oh, olá, padre!
— A senhorita recebeu nossa carta?
— Recebi. Ham... Eu falei com Urs e vou averiguar seu pedido, padre.
— Obrigado. Ficarei muito feliz de ter uma arqueóloga renomada como a senhorita aqui neste projeto.
— O senhor poderia me passar mais informações sobre a escavação?
— As informações que tenho para lhe passar já foram enviadas ao senhor Barker hoje no fim da tarde, ele lhe passará isso. Liguei somente para lhe dizer que será muito bem-vinda em Ancona. Eu gostaria muito de sua ajuda. Eu estou em Roma no momento e devo retornar a Ancona daqui a alguns dias. Eu aguardarei ansioso por sua resposta.
— Tudo bem, eu vou analisar o material que enviou e depois lhe dou uma resposta.
— Obrigado. Devo dizer que li seu livro sobre arqueologia e gostei muito.
— Obrigada, padre, eu estou lisonjeada.
— Bem... Eu espero uma resposta sua. Boa noite.
— Boa noite.
Marien desligou o telefone e ficou ali, parada, um tanto atordoada. Aquela voz falando inglês com um sotaque estranho lhe embaralhou a cabeça. Não sabia se deveria fazer isso. Vaticano era uma palavra que lhe dava arrepios. O que mais queria era distância.
Marien voltou ao seu banho e tentou relaxar, mas não teve muito êxito.

**

No dia seguinte, Marien foi ao museu falar com Urs.
— Boa tarde, senhor curador! — Marien disse, sorrindo, adentrando em sua sala e indo ao seu lado.
Urs, sorridente, levantou da cadeira e a recebeu carinhosamente.
— Boa tarde! Eu achei que você não viria aqui hoje, que estaria descansando. — Urs respondeu, dando-lhe um beijo no rosto.
— Ah! Você me conhece, minha curiosidade estava me matando. Ainda mais depois que o padre me ligou.
— Sim, ele me disse que ligaria. Ele me pareceu muito simpático.
— Realmente pareceu. Então, deixe-me ver o que ele lhe mandou.
— Está aqui.
Marien pegou uma pasta, sentou-se na confortável poltrona e começou a ler. Urs recostou-se em sua cadeira e a olhava atentamente com um ar sereno, com as mãos cruzadas sobre o estômago e os cotovelos apoiados nos braços da cadeira.
— Que maneira de se descobrir uma coisa destas. — ela disse, lendo um breve relatório.
— Sim. A moça sobreviveu, mas o rapaz morreu, infelizmente; ficaram dias lá embaixo até serem encontrados.
Marien remexeu-se na cadeira; aquilo lhe parecia familiar.
— Ancona é uma comuna italiana, que hoje é capital da província; é muito antiga e teve períodos de completo esquecimento na história e outros de ter sido um vilarejo próspero. Não me recordo muito sobre esta área da Itália, mas é estranho ter uma igreja soterrada nesse lugar, esses penhascos são muito íngremes. — disse, olhando algumas fotos.
— Pelo que ele pôde ver, trata-se de uma igreja, mas pode não ser. Acha que poderia ter algo a ver com as lendas das sibilas, as videntes virgens do Império romano?
— É uma possibilidade, pois as lendas diziam que elas se refugiaram nas cavernas das Marcas para fugir da perseguição cristã, pois eram consideradas hereges por serem pagãs, ligadas a Apolo, mas isso foi muito antes dos indícios dessa igreja, aqui já estaria na baixa idade média, talvez seja algo novo.
— Se não me engano, há uma lenda específica sobre Ancona. — ele disse, pensativo.
— Urs, eu já ouvi algo sobre esta lenda. É de uma igreja que deveria ter existido ali, mas é somente folclore. Muitos rumores, como disseram, uma lenda.
— Marien, essa igreja é aquela que dizem que foi desgraçada, amaldiçoada ou algo assim?
— Sim, por uma bruxa.
— Bem, isso é interessante, mas você somente saberá se for lá e averiguar.
— Sim. Estas fotos são impressionantes!
— E se bem a conheço, você não resistirá e irá atrás de saber sobre esta bruxa.
— Engraçadinho. Posso levar isso?
— Pode.
— Eu vou olhar com mais calma e depois dou uma resposta.
— Tudo bem. Pode tirar alguns dias de folga, descanse o quanto quiser, eu lhe darei respaldo.
— Obrigada, Urs.
— Agora eu vou ver o que faço com esta maluquice que você fez no Egito. Quase me deixou de cabelos brancos.
— Eu não fiz maluquice nenhuma, eu estava certa; o arqueólogo, errado.
— Eu sei que estava. Você é meu orgulho.
— Obrigada! — ela disse com cara de satisfação. — Até mais, Urs.
Marien se despediu e foi embora. Foi ao mercado fazer compras para o jantar e passou numa floricultura para comprar flores para espalhar pela casa; isso era uma coisa que lhe agradava.
Mais tarde, estava na cozinha tomando uma taça de vinho e preparando o jantar quando a campainha tocou e ela foi atender.
Marien sorriu ao ver a amiga com seu enorme sorriso, seus olhos castanhos e brilhantes usando um elegante vestido azul, com um casaco preto longo até os joelhos. A noite estava um pouco fria.
— Oi, Lizza!
— Oi, querida! Como está?
As duas se abraçaram sorridentes e felizes pelo reencontro.
— Bem! Feliz por estar em casa, e você parece ótima.
— Estou bem! Estou reformando minha casa, o que dá muito trabalho, mas vai ficar do jeito que eu quero. — Lizza disse, sorridente, retirando o casaco e entregando o vinho que havia trazido.
— Já não era sem tempo.
— Então, conte-me como foi no Egito.
— O Egito é sempre fascinante, eu adoro aquela civilização, mas foi desgastante demais.
Elas foram para a cozinha e Marien serviu as taças de vinho.
— Eu sei! Então, vai ficar quanto tempo em Londres?
— Ah! Mal acabei de chegar e já estão me solicitando na Itália.
— Itália é ótima! Quem sabe você arruma um belíssimo italiano comedor de porpetones.
Marien soltou uma bela risada.
— Bem, isso deve ser melhor do que ficar com múmias e aqueles egípcios não me agradaram.
— Oh, nenhum bonito?
— Se há, não passou por mim, mas, com minha sorte ultimamente, os bonitos devem ter passado longe.
— Imagino... Diferente da Itália, que é recheada de homens lindos por todos os lados. Sobre o que é a descoberta desta vez?
— Parece ser uma antiga igreja, eu vou ser contratada pelo Vaticano.
— Humm! — Lizza resmungou, fazendo cara feia.
— Eu sei. — disse, rindo.
— Não deve ser tão ruim. Pense num belíssimo italiano, moreno, de olhos verdes, falando em italiano nos seus ouvidos...
— Lizza, pare com isso!
— Ai, amiga, eu só estou tentando animá-la, você não sai com alguém há muito tempo, nem aceitou os convites de Peter que eu sei. Faz quanto tempo que não sai com alguém?
— Acho que um pouco antes de eu ir para o Egito.
— Ai, meu Deus, isso é uma catástrofe! Eu não entendo como você tem esta pele linda se não faz sexo.
— Como queria que fizesse isso? Só se fosse com uma múmia! O que tem uma coisa a ver com a outra?
— Dizem que sexo deixa a pele bonita.
— Se fosse assim, eu deveria estar mais enrugada que a aquela múmia que eu estava estudando.
— Isso é verdade, que terror! Mas essa múmia é aquela que você contestou seu estudo, não é, quer dizer, quem a descobriu?
— Sim, provei que o arqueólogo estava errado em seus estudos.
— Ele deve estar querendo matá-la.
— Ele já está morto, Lizza.
— Ai, meu Deus! Você o matou?! — Marien riu com gosto.
— Não. Mas provavelmente se ele estivesse vivo, ele iria querer me matar por ter acabado com a descoberta dele.
— Bem, sorte sua, mas sobre aquele outro assunto... Eu conheço alguém, que, como você diz, é ótimo de cama, tem olhinhos puxados... — disse, maliciosa.
— Vai começar? — Lizza riu, fazendo careta e ergueu as mãos, dando a entender que não falaria mais nada e bebendo o vinho. — Vamos comer, está pronto!
— Eu estava morrendo de vontade de comer este macarrão que você faz. Eu nunca consigo fazer igual. A única coisa que faço bem são Martinis.
— Sim, seus Martinis são ótimos, faremos uma sessão com eles da próxima vez.
Marien riu, sentaram-se à mesa e começaram a jantar.
— Isso é de se comer rezando, que maravilha! — Lizza exclamou, saboreando a comida. — Você nasceu no país errado, deveria ser italiana.
— Verdade, eu adoro tudo que é italiano. Eu só espero que este padre não seja rabugento, velho e feio.
— Por quê? Vai querer um padre bonito?
— Seria melhor para meus olhos. Pelo menos que não seja rabugento.
— Hum... Acho improvável, impossível, só se fosse um milagre.
— Teremos que esperar para ver. Como vai seu espanhol, o Carlos?
— Ai, uma maravilha! Aquele homem é um furacão, muy caliente.
— Imagino, amantes espanhóis são uma perdição.
— Concordo plenamente.
Elas jantaram e depois sentaram no sofá com as taças e o vinho; beberam e falaram de tudo, riram muito até tarde com uma suave música de fundo.
— Eu tenho que ir, senão vou ficar bêbada demais. Acho que já não enxergo o buraco da fechadura! — disse Lizza.
— Então ligue para seu espanhol que ele lhe ajude.
— Gostei desta parte, talvez eu peça para ele achar outras coisas também. — as duas riram.
— Ligue para ele e me dê o telefone.
— O quê? O que vai fazer?
— Pare de resmungar e ligue!
Lizza pegou o celular e ligou para Carlos e quando Marien viu que chamava, ela pegou o telefone de sua mão.
— Oi, Lizza. — Carlos disse.
— Não é a Lizza, é Marien.
— Boa noite, Marien. Mas o que aconteceu? Lizza está bem?
— Está. Mas eu acho que ela bebeu um pouquinho demais, está na minha casa. Será que você poderia fazer a gentileza de apanhá-la e deixá-la a salvo em casa? Não queria deixá-la dirigir nem ir de táxi para casa sozinha... Se não for nenhum incômodo para você, é claro.
Lizza ria e tentava tirar o telefone da mão de Marien que, rindo, esquivava-se dela, mas tentava falar seriamente com Carlos.
— Não é incômodo nenhum, num minuto estarei aí.
— Obrigada, você é um cavalheiro. — Marien, rindo, desligou.
— Sua louca, por que fez isso? — Lizzaperguntou, espantada.
— Para você terminar sua noite em grande estilo, minha amiga, afinal, nunca se pode desperdiçar um espanhol... — disse, rindo. — Muito menos quando se está bêbada.
— Obrigada. — Lizza soltava gargalhadas ao jogar-se no sofá. — Agora vou acabar com ele e provavelmente não me ligará mais.
— Aproveite e com certeza irá te ligar, deixe de ser boba. O Carlos é louco por você e se atura suas loucuras até hoje, é porque aturará muito mais.
Ficaram conversando e rindo até que Carlos chegou.
— Oi, Marien. — Carlos disse, sorrindo, e lhe dando um beijo no rosto. — Onde está a vítima?
— Serve aquela ali no sofá?
— Oi, querida. — ele disse, sorrindo.
— Oi, Carlos. Eu não estou assim bêbada. — Lizza respondeu.
— Estou vendo. — ele disse, rindo, e Lizza riu também, levantando-se do sofá.
— Até mais, Marien, nos veremos logo.
— Até e juízo! E Carlos, por favor, leve-a direto para casa, heim?
— Pode deixar comigo, ela está em boas mãos.
— Hummm... — elas disseram, rindo, e se olhando maliciosamente.
Marien despediu-se de Carlos e Lizza e eles foram embora; ela fechou a porta, rindo; havia sido uma noite maravilhosa. Ela gostava muito dos encontros com Lizza, era revigorante. Ter uma amiga assim era um presente que pretendia cultivar para sempre. Era como se fosse sua irmã, já que como filha única não sabia como era ter uma.
Ela, realizada e feliz, foi para a cama; aconchegou-se e dormiu pesadamente. Como era bom estar em casa.
No meio da madrugada, Marien começou a se debater na cama; estava tendo um sonho confuso.
Ela estava correndo em um campo muito bonito e podia ouvir risadas, a sua e de mais alguém, de um homem que parecia brincar com ela. Seu coração parecia aquecido e tranquilo. Usava um vestido longo até os pés, de cor azul escuro e branco. Seu cabelo estava solto e, muito comprido, balançava no vento.
Ela estava feliz ali; suas gargalhadas contagiavam. De repente ela se chocou com algo ou alguém, derrubando-a. Um homem com feições grotescas pairou sobre ela, usando uma roupa preta e vermelha, com um colar muito grosso com uma cruz pendurada e um chapéu estranho. A imagem do seu rosto dançava como se estivesse borrando. Ele olhou furiosamente para ela e gritava grosseiramente; parecia um eclesiástico antigo.
Seu coração se oprimiu, com medo e com uma dor intensa ali. Ela tentou se arrastar pela grama para fugir, gritando por ajuda, mas ninguém ajudava. O dia foi ficando escuro como a noite; as nuvens passavam rapidamente e trovões retumbavam pelo ar e parecia que várias mãos tocavam seu corpo, puxando-a, impedindo-a de fugir. Seus gritos desesperados machucavam sua garganta.
Então, sentiu uma dor enorme atingir suas costas como as tiras de couro de um chicote e, com um grito agudo, a imagem do sonho mudou.
Agora ela estava em uma sala de pedras brutas, muito suja e fria, não havia luz, nem saída. Ela, ofegante, agonizando em desespero, tateava desesperada a parede para encontrar a porta. Quando a encontrou, era enorme de carvalho e ferro. Bateu nela e gritou e gritou em desespero, até que uma dor aguda atravessou seu corpo e um grito agudo irrompeu pela escuridão.
Marien sentou na cama, assustada, ofegante e desorientada, olhando ao redor, tocando a si mesma, porque a dor parecia estar ali ainda.
Ela puxou o ar forçosamente e automaticamente duas lágrimas escorreram por seu rosto. Ela as secou, tremendo. Tateou a mesinha de cabeceira e acendeu o abajur; eram três da manhã, as horas apontavam no relógio.
Ela pegou o copo de água e bebeu avidamente, depois deitou novamente, tentando acalmar seu coração que saltava descompassado no peito.
— Calma, Marien, foi só um pesadelo estúpido. — sussurrou.
Ela tentou dormir novamente, mas com a luz acesa, porque parecia que a escuridão poderia devorá-la. Tentou apagar as imagens do sonho estranho e agonizante, mas não teve muito sucesso.
Aquilo ficou na sua memória e gritava como um aviso, um aviso de que algo estava vindo.
Ela só não sabia o que era.

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Comentários
3 Comentários

3 comentários

  1. Apesar de amar romances tô correndo de triângulos amorosos e lendo a sinopse parece que vou me irritar muito, passo essa leitura e quem sabe em outro momento possa ler.
    bjs!!!

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  2. Olá Diana,
    Lendo a sinopse até que fiquei curiosa para ler, mas depois de ler o capítulo 1 fiquei um pouco decepcionada, sei lá, não gostei muito da narrativa, mas só lendo para saber e tirar as conclusões.
    Beijos

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  3. Olá.
    Ainda não tive o prazer de ler nada dessa autora, mas gostei da premissa desse livro. Apesar de não ser muito meu estilo literário, se tiver oportunidade, darei uma chance a essa obra. Sinopse muito envolvente. Abraços.

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