Resenha | A Fúria e a Aurora, Livro 1 da Duologia "A Fúria e a Aurora" de Renée Ahdieh @GloboAlt

Personagem central da história, a jovem Sherazade se candidata ao posto de noiva de Khalid Ibn Al-Rashid, o rei de Khorasan, de 18 anos de idade, considerado um monstro pelos moradores da cidade por ele governada. Casando-se todos os dias com uma mulher diferente, o califa degola as eleitas a cada amanhecer. Depois de uma fila de garotas assassinadas no castelo, e inúmeras famílias desoladas, Sherazade perde uma de suas melhores amigas, Shiva, uma das vítimas fatais de Khalid. Em nome da forte amizade entre ambas, Sherazade planeja uma vingança para colocar fim às atrocidades do atual reinado. Noite após noite, Sherazade seduz o rei, tecendo histórias que encantam e que garantem sua sobrevivência, embora saiba que cada aurora pode ser a sua última. De maneira inesperada, no entanto, passa a enxergar outras situações e realidades nas quais vive um rei com um coração atormentado. Apaixonada, a heroína da história entra em conflito ao encarar seu próprio arrebatamento como uma traição imperdoável à amiga. Apesar de não ter perdido a coragem de fazer justiça, de tirar a vida de Khalid em honra às mulheres mortas, Sherazade empreende a missão de desvendar os segredos escondidos nos imensos corredores do palácio de mármore e pedra e em cenários mágicos em meio ao deserto.

Quem conhece o clássico "A mil e uma noites" já sabe que a obra conta a história do rei Périsa, da Pérsia, que traído pela esposa mandou matá-la junto com o amante. Para evitar uma nova traição, desse momento em diante, decidiu passar cada noite com uma mulher diferente e a mesma era degolada na manhã seguinte. Dentre as várias mulheres que desposou, Sherazade foi a mais esperta e iniciou um conto que despertou o interesse do rei em ouvir a continuação da história na noite seguinte. Com isto, ela escapou da morte e, para continuar vivendo, escreveu  histórias para as mil e uma noites.

Aqui, a protagonista Sherazade não precisa ser uma destas noivas que terão tal destino, mas movida por um instinto de vingança, pois sua melhor amiga Shiva foi uma das vitimas do rei Khalid, ela decide que será a próxima rainha, descobrir todos os pontos fracos dele para enfim destruí-lo. Apesar de ter medo da morte e ser tão nova (apenas 16 anos), ela demonstra muita força e coragem e usa toda a sua inteligência ao contar histórias para o rei todas as noites prometendo que vai continuar apenas no dia seguinte e garantindo com isto, ficar viva para que seu plano dê certo.

Khalid tem 18 anos e um passado assassino dentro do reino de Khorasan, é um homem muito sério e atormentado que esconde um segredo que não ousa dividir com ninguém. É claro que ele não é nada bobo e logo percebe as intenções de Sherazade, no entanto, não permite que ninguém faça mal á ela e arrisca a própria vida para descobrir o que ela pretende. Fica cada vez mais encantado pela beleza da esposa e instigado pela sua personalidade, o que causa espanto em todos que estão ao seu lado e notam as sutis mudanças que ela traz na sua vida. Ao passo que Sherazade vai desvendando os mistérios deste homem que tem um passado triste, ela  percebe que ele não é tão odioso como todos acreditam e com isso seus sentimentos por ele mudam sem que ela possa fazer nada a respeito. Temos aqui alguns personagens secundários que se destacaram, mas vou citar apenas um que promete ser o responsável por muitas reviravoltas na sequência desta duologia: Tariq, o amigo de infância de Sherazade e que é totalmente apaixonado por ela. Não há exatamente um triângulo amoroso nesta história e eu nem mesmo cheguei a torcer por ele, no fundo o que eu senti foi pena porque era evidente que Sherazade se apaixonaria pelo marido e se transformaria em outra pessoa, uma que não voltaria para ele como ele tanto desejava.

Confesso que demorei demais para concluir esta leitura, mas não porque o livro seja ruim, eu acho que já me bateu aquela insatisfação de saber que a história teria continuação e que a mesma só será lançada em 2017, ou seja, nem tinha começado e já sabia que iria ansiar por mais. Também tive um pouco de dificuldade para me concentrar com tantas palavras diferentes que são mencionadas no decorrer do enredo. Logo no começo do livro, há um glossário para esclarecer os termos usados e eu recorria á ele toda hora, o que me atrapalhou muito e portanto não permitiu que a leitura fosse fluída. A narrativa é em terceira pessoa e eu não consegui me conectar tanto com os personagens como eu gostaria, além disto eu esperava muito mais romance. A questão é que, quase chegando ao final, a trama ficou interessante e me deixou muito curiosa pelo desfecho. Com certeza vou querer ler o próximo volume. A capa é maravilhosa! Achei muito fofa e mil vezes mais bonita do que a original.O papel é daqueles amarelados com cheiro delicioso de livro sabe? A editora arrasou nestes quesitos e também na revisão e diagramação que estão impecáveis.

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Capa Original