Neste seu novo livro, DILMA BITTENCOURT faz uma aguda e bela reflexão sobre o tempo através da espera de uma menina por seu pai, que saiu de casa. Como diz no prefácio Clara Acker, doutora em filosofia pela Universidade de Paris IV – Sorbonne: “O tempo se apresenta como um mistério, que só encontra solução na experiência da volta das flores ou na realidade do corpo da menina-sapo, que cresce com a ausência do pai. A menina que engoliu o sapo de ver seu pai partir, de conviver com uma mãe preconceituosa e amarga, responde ao tempo com um saber quase oriental, taoista: fora e dentro são um. O tempo emocional corresponde ao tempo natural”.
Em linguagem poética, finamente trabalhada, a autora cria um ambiente de emoção e mistério, no qual amadurece a menina protagonista, enquanto, paralelamente, apresenta aos jovens leitores uma ampla gama de termos e expressões mais sofisticados, coisa rara de se ver, nos dias de hoje, em obras de literatura infanto juvenil.
Na base do enredo, como uma espécie de fundação a sustentar o edifício literário, está a filosofia, pontuando a relação da menina Priscila com cada um dos demais personagens – a mãe, a cozinheira, o padre, e até Deus – e sua procura contínua por um casaco desaparecido, metáfora do abrigo que só o pai poderia proporcionar. Como diz a psicanalista Frinea S. Brandão, ao final de A MENINA QUE ENGOLIU O SAPO, “esperamos que, para sempre, um casaco nos cubra, aconchegue, proteja, enquanto formos meninas, enquanto estivermos meninas...”.
Sinopse
— Eis aqui uma comovente história infanto juvenil sobre a passagem do tempo: quando seu pai sai de casa, tudo ganha o cinzento do inverno, que traz o senti-mento da ausência e da solidão, da incompreensão e da amargura. Mas a menina, protagonista desse conto lírico, amadurece com suas lembranças e expectativas, floresce aos poucos, junto com a primavera, e finalmente se firma com a certeza do retorno do pai, na chegada do verão. De capa dura, com mais de 30 belas ilustrações coloridas de Miriam Lerner, que também assina a capa e o projeto gráfico, este livro, além de ser um libelo contra o preconceito, é também um projeto ambicioso de levar aos jovens leitores uma narrativa poética e sofisticada, que conduz ao aprimoramento do vocabulário. Com prefácio de Clara Acker, doutora em filosofia pela Universidade de Paris IV/Sorbonne, e uma Carta ao Leitor, ao final, assinada pela psicóloga clínica e psicanalista Frinea S. Brandão.